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Tio_Maluco

[Meio Bit] Audaciosamente indo aonde nenhum kibe jamais esteve

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Nós trekkers amamos Jornada nas Estrelas, mas temos que reconhecer que apesar de ser algo que se mesclou totalmente ao imaginário popular, fazendo parte da cultura americana e mundial, ainda assim Star Trek é um produto de nicho e como aprendemos em marketing, share of mind não significa share of market.

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No cinema foram 13 filmes da franquia, que faturaram nos Estados Unidos, corrigidos pela inflação, US$ 2,5 bilhões, que parece muita coisa, mas quando a gente divide, dá US$ 190 milhões por filme. Nêmesis rendeu US$ 64 milhões no mercado interno, um número tão baixo que perde do Ghostbusters de 2016.
 
Não é à toa que a franquia foi pra geladeira depois de Nêmesis em 2002, sendo ressuscitada só em 2009, para a maior bilheteria de todos os filmes, US$ 305 milhões, com a versão de J.J. Abrams. Into Darkness também fez bonito, ficando em 4ª lugar com US$241M, mas Beyond, de 2016 caiu para a oitava posição, com US$ 164 milhões. Com um orçamento de US$ 185 milhões, os US$343 milhões de receita total, Estados Unidos + mundial, não garantem lucro muito grande, ainda mais se levarmos em conta os custos de marketing.

Apesar disso a Paramount ainda insistia na franquia, e o plano era produzir o quarto filme da Timeline Kelvin, como ficou chamada a versão de J.J. Abrams. Seria um filme com viagem no tempo e participação de George Kirk, mas ele se lembrou que era o Thor e exigiu muito mais grana para reprisar o papel que fez no primeiro filme.

Chris Pine, por sua, vez ficou bem mais famoso desde 2009 também, e exigiu um aumento, ao que a Paramount começou a fazer contas, e ao contrário de um monte de pais, percebeu que Star Trek e Star Wars são coisas diferentes. E que não dá pra manter a franquia aberta pagando salários de Mulher Maravilha e Vingadores. Se era blefe ou não ninguém sabe, mas a resposta da Paramount foi cancelar o filme.

 

Star Trek 4 está morto.

Discovery
Resta o tal Star Trek que o Quentin Tarantino estaria fazendo, e as séries de TV, como a nova série do Picard, e Discovery, mas sendo realista provavelmente algum Klingon enterrou uma caveira de burro andoriano na sede da Frota Estelar em São Francisco, pois as coisas não vão nada bem também.

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Quando surgiu a nova série da franquia, Star Trek: Discovery, todo mundo se animou, mas quando a série estreou em 2017 a estranheza foi geral. A série era dark, depressiva, violenta, com lacração jogada na cara e produtores e elenco vomitando promessas de diversidade e inclusão que, para qualquer trekker que tenha torcido por Benjamin Sisko, amado a Tenente Uhura, adorado Chekov e Sulu e acompanhado a Capitã Janeway soavam... alienígenas. Star Trek SEMPRE FOI sobre inclusão e diversidade, que série é essa que eles estavam "consertando"?

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Capitã Tilly, um dos raros acertos da temporada. Claro que não durou.


Discovery teve um começo difícil. Bryan Fuller, criador da série, saiu em 2016, antes mesmo da estreia, depois de bater de frente com a CBS. Ele foi substituído por Gretchen Berg e Aaron Harberts, que transformaram a produção em um inferno, há histórias deles gritando com os roteiristas na frente de todo mundo. No final eles rodaram também, em junho de 2018 e foram trocados por Alex Kurtzman, que prometeu uma segunda temporada mais leve e mais Star Trek.

É hora do Kibe...
A premissa da primeira temporada de Discovery é que a Federação descobre uma rede de fungos interdimensionais que formam uma rede de comunicação, preenchendo a galáxia. Eles capturam um tardígrado gigante e o usam para acessar os esporos desses fungos e, com isso, conseguem mover a nave pelo espaço, com velocidade instantânea.
Isso lembra muito um jogo, chamado Tardígrados, onde uma civilização ancestral havia criado uma rede de comunicação galáctica através de esporos, e conseguia acessar essa rede através de tardígrados gigantes, conseguindo assim se locomover com velocidade instantânea.

Se parece feio, calma que piora. O jogo está sendo desenvolvido por um egípcio, Anas Abdin, e foi anunciado em 2014. Um ano antes de Discovery ter sido anunciada, em novembro de 2015. Ele tentou de tudo pra resolver as coisas amigavelmente, mas a CBS partiu do princípio que é uma grande corporação, então dane-se um sujeito anônimo na internet. Ele acabou entrando na justiça ano passado.

As semelhanças não param nos tardígrados.

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Em Discovery o cientista se comunica com os esporos em uma nuvem azulada. Um dos protagonistas é um barbudo negro que tem um relacionamento homossexual (bye, AdSense) com um branco louro. Outra protagonista é uma humana negra.

Em Tardígrados o cientista se comunica com os esporos em uma nuvem azulada. Um dos protagonistas é um barbudo negro que tem um relacionamento homossexual com um branco louro. Outra protagonista é uma humana negra.

A CBS está alegando que os elementos são genéricos e que o autor está tentando registrar copyright dos tardígrados em si, a espécie de animais microscópicos ultra resistentes que o Neil DeGrasse Tyson cria.

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O Juiz não engoliu a groselha de defesa, e não aceitou o pedido pra ação ser anulada. A acusação também ganhou direito de "descoberta", ou seja, eles podem exigir informações da Paramount e ela é obrigada a fornecer. O oposto não foi concedido. O caso ganhou prosseguimento e não pode mais ser anulado sem uma justificativa específica.

Discovery volta semana que vem, 18 de janeiro. O processo só ganhará mais divulgação na mídia. Se a CBS for inteligente, pagará um bom cala boca para o egípcio e esquecerá o caso, mas não dá pra se cobrar inteligência dessa turma. Estamos falando da CBS que cancelou a série clássica, e da Paramount que nos primórdios da internet ameaçou processar todos os sites de fãs.

E só para dar uma ideia da zona que é o licenciamento da franquia, a produção de Discovery não tem nem direitos sobre o design da USS Enterprise, então quando a Velha Dama aparece no final da primeira temporada, eles tiveram que criar uma versão pelo menos "25% diferente" da usada na série de James Kirk.

Star Trek hoje está sendo produzida por um comitê, um trabalho burocrático com uma listinha de cotas a cumprir, verbas a respeitar e se der, enfiar uma história ou duas no meio, só pra constar.

Felizmente isso vai mudar, Jornada nas Estrelas é muito mais que uma franquia de navinha pewpewpew, muito mais que uma série de TV seguindo modinhas, ela pode ter seus altos e baixos, mas com seis séries (não, não conto a animada) e 53 anos, ela tem DNA suficiente pra se manter por décadas no imaginário popular.

A visão original de Gene Roddenberry, de mostrar um futuro positivo, de vender uma ideia de esperança de que conseguiremos resolver nossos problemas e melhorar tanto como espécie, quanto como indivíduos, permanecerá. Principalmente em tempos difíceis, dependemos de histórias que nos provoquem e estimulem a fazer a coisa certa.
Jornada nas Estrelas discutia os maiores problemas de sua época, através de alegorias e metáforas inteligentes, algo que a geração atual nasceu com alguma deficiência genética para entender, mas a próxima geração pode ter mais sorte.

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Nos anos 60 Star Trek usou duas espécies idênticas, apenas simetricamente invertidas para discutir brilhantemente a irracionalidade do racismo. Hoje um millenial só consegue gritar "blackface! triggered!", mas os millenials vão passar, Jornada nas Estrelascontinuará.

Se Discovery não voltar às raízes, outra série o fará. Eu tenho plena esperança, foi o que aprendi com tantos anos de Star Trek. Acho até que com o Capitão Christopher Pike, há chance de Discovery melhorar muito, mas mesmo que não melhore, outra série já apareceu para manter vivos os ideais de Roddenberry: Assistam The Orville!
 


 
Fonte Meio Bit
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Como é mesmo a frase que falaram uns dias atrás?

 

"Quem lacra, não lacra"?

 

Quem lacra, não lucra

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