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SazanBR

SazanBR - MyBook

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1) A minha vida Gamer

   - Prólogo: Um sol nem tão radiante assim

   - Cap. 1: "Diminutivozinhos"

   - Cap. 2: Orgasmos futurísticos

   - Cap. 3: Amigos, amigos

   - Cap. 4: Percalços natalinos

 

2) Platinar jogos: Por quê?

3) As minhas platinas

4) Por que "SazanBR"?

5) Os "buracos" da minha vida gamer

 

1) A minha vida Gamer

 

- Prólogo: Um sol nem tão radiante assim

 

 

 

 

Porto Alegre. capital do estado do Rio Grande do Sul. Inverno de 1988. Eram tempos difíceis. Naquela época, com 7 anos de idade, lembro-me bem das dificuldades financeiras que minha mãe enfrentava. Sozinha, com um salário minguado de professora estadual, e com um filho pra criar, era de se esperar que enfrentasse dificuldades. Nunca passamos fome, no entanto. Já necessidade...diversas vezes.

 

São nesses tempos de um sol nem tão radiante assim que a minha vida gamer se inicia. E eu não tinha a menor idéia disso à época, é claro.

 

Em 1988, videogames não eram populares no Brasil. Eram artigos de luxo. Caros, para poucas pessoas. Talvez sejam isso até hoje...Um belo dia, a minha mãe resolveu, por conta própria, me dar um presente. Eu era um menino bastante estudioso, ia bem na escola, sempre tirava notas boas, apesar de não estudar muito, sempre tive facilidade com a escola. E ela decidiu me "recompensar" por tal esforço, mesmo sendo, ao olhar mais crítico, nada mais, e nada menos, do que a minha obrigação fazer o que eu fazia. Não era um favor à ninguém, senão à mim mesmo.

 

Pois bem, num determinado dia, nós saímos pra que eu escolhesse o que eu queria ganhar. Ela pensou em me dar um brinquedo, mas não sabia o que eu queria ganhar, então me levou até uma loja de brinquedos pra que eu mesmo escolhesse. Naturalmente, ela me alertou que, dadas as condições financeiras, não poderia ser algo que estivesse além das posses dela. Recado entendido.

 

Eu comecei a ver alguns bonecos, jogos de tabuleiro, carrinhos...mas por alguma razão, nada realmente me agradava. Os mais poéticos dirão que quando é pra ser, é pra ser...talvez...A loja era grande, tinha uma vasta gama de opções...eu ainda não tinha chegado até os fundos da loja...resolvi ir até la. Logo minha mãe me seguiu. Encontrei uns televisores, alguns apagados, alguns com umas imagens estranhas...não entendi. Minha cabecinha de 7 anos de idade não compreendia aquilo. Perguntei à minha mãe o que era aquilo, também não soube me explicar. Logo, um vendedor da loja, bastante prestativo, disparou:

 

"Vocês tão procurando videogames?"

 

Olha, na minha cabeça, foi mais ou menos como se ele tivesse me perguntado se eu estava tentando resolver os teoremas da física quântica...a pergunta teria feito o mesmo efeito em mim. Na minha mãe, imagino que tenha sido mais ou menos a mesma coisa, pois emendou: "Procurando o quê?"

 

"Videogames. São a ultima moda em diversão. São jogos! Jogos eletrônicos!", exclamou o vendedor. E prosseguiu em seu discurso empolgado: "Esse aqui, por exemplo, é o Atari 2600. É a ultima versão do melhor videogame disponível aqui no Brasil! Ele é importado dos EUA. Um excelente aparelho! Seu filho vai adorar! Já vem com um jogo grátis!", completou, não menos empolgado.

 

"Ta, é um aparelho com jogos, e liga na TV né?", indagou, ainda sem entender muito, minha mãe.

 

"Sim! Um apareho que vc pode conectar facilmente em qualquer TV. Seu filho vai poder se divertir quando quiser. E quando não quiser mais jogar, basta desligar o aparelho, e o televisor volta ao seu funcionamento normal.", completou o competente vendedor. (Estava seguindo sua cartilha de vendedor à risca).

 

"Tá, mas isso ai não vai estragar a TV, né?" (Até hoje tem gente que pensa isso...).

 

"Não, claro que não. A TV só recebe o sinal do aparelho, nada mais. Não estraga não"

 

A essa altura, eu acho que eu nem estava mais ali. Eu nem lembro mais o que o vendedor e minha mãe discutiam tanto. Só sei que eu tinha sido teleportado pra outra dimensão. Alheio a tudo a minha volta, eu só olhava, encantado, os diversos jogos que apareciam nos televisores.

 

De repente, como se despertasse de um sonho, eu me lembro que corri em direção a minha mãe e disse: "É isso que eu quero! Eu quero um videogame!"

 

Lembro que a minha mãe me disse "Se não for muito caro, eu te dou". Minha mãe perguntou pro vendedor quanto custava o videogame. Eu me lembro até hoje da resposta: 250 mil cruzados! (Não era cruzeiro, era cruzados mesmo).

 

Pra vcs terem uma ideia, o salario minimo da epoca era em torno de 20-30 mil cruzados. Façam a conta de quanto custava essa porra!

 

Minha mãe quase teve um troço quando ouviu o valor. Não sei como ela não desmaiou ali mesmo.

 

"Não tem nenhuma condição de eu te comprar isso. Vai 6 meses do meu salário ai", me lembro até hoje da resposta da minha mãe, atônita com o valor do aparelho.

 

Mas o vendedor foi mais rápido: "Calma. A senhora conhece as nossas opções de crediário? parcelamos em até 24 prestações!"

 

Olhei pra minha mãe, com aquele olhar que não diz nada, mas quer dizer tudo, como quem suplicasse "Por favor, mãe!"

 

Minha mãe, meio incrédula, foi até a seção onde havia um balcão e, em letras garrafais, acima, lia-se "CREDIÃRIO". Ficou la umas boas 2 horas, se não foi mais, não sei. Lembro que a espera foi interminavel. Minha mãe vinha e voltava de la, diversas vezes. "Eles estão checando isso" "Agora eles estão vendo aquilo". Pouco me importava. Eu só pensava em quando eu ia por as minhas mãos naquela beleza.

 

Depois de horas e mais horas de espera, finalmente o vendedor anuncia que a compra esta fechada. Pega uma caixa (e era gigante a caixa daquele negócio!) e entrega pra minha mãe, que, por sua vez, passa pra mim. Eu sumi atrás da caixa. Eu era quase do tamanho da caixa. Ela era grande, mas não era pesada, no entanto.

 

A minha mãe anuncia, daquele jeito peculiar que só as mães que sequer entenderam direito o que compraram na verdade, tem: "Filho, eu comprei esse teu negócio em 18 vezes! Nós vamos ter que fazer sacrifícios"

 

Eu não sabia, mas aquele dia mudaria completamente a minha vida.

 

 

 

 

- Cap. 1: "Diminutivozinhos"

 

 

 

 

O primeiro jogo de videogame que eu joguei na minha vida foi o que veio junto com o meu Atari 2600, adquirido à duras penas, como vocês já sabem, que foi o Enduro.

Enduro, caso vocês sejam marcianos e não saibam, era um joguinho de corrida. Um dos jogos mais emblemáticos da história dos videogames. Todo mundo conhece enduro, mesmo que nunca tenha tido um Atari, mesmo que nem fosse nascido nessa época. Jogo extremamente famoso.

Eu tentei por muito tempo "chegar ao fim" do jogo, sem sucesso. Fui descobrir, mas apenas anos mais tarde, que o jogo não tinha um fim "per se", o "fim" do jogo era que o game simplesmente travava quando você antigisse a pontuação máxima que o cartucho permitia guardar (999999 pontos, se não me engano). Jogos eram extremamente arcaicos e rudimentares na época, conseguiam armazenar bem pouca informação. Esse era o caso de praticamente todos os jogos do Atari.

A minha mãe continuava pagando as parcelas do videogame. Novos jogos? Nem pensar, eram caríssimos e minha mãe já tinha a despesa altíssima das prestações do videogame. Então eu continuava só tentando, sem sucesso, "zerar" Enduro, jogo que eu, perspicazmente, batizei de "jogo do carrinho".

Um belo dia, um amiguinho meu da escola, que tinha melhores condições financeiras que eu, e que também tinha um Atari, foi na minha casa e levou uns jogos pra gente jogar. O primeiro deles me chamou a atenção logo de cara: Era um jogo que vc controlava um avião, e tinha que acertar alvos, além de desviar de obstáculos. Além disso, os seus tiros consumiam combustível, então vc tinha que abastecer o avião de tempos em tempos também. Fiquei vidrado no jogo, joguei horas e horas. Fui ver o nome do jogo e não consegui entender nada (mais tarde, eu soube que se tratava, nada mais, nada menos, do super tradicional clássico River Raid). Mas que importava o nome do negócio? Era divertido demais jogar aquele joguinho. E eu, é claro, batizei o jogo de "jogo do aviãozinho".

Além desse, ele também trouxe um outro jogo em que vc era um homenzinho e tinha que escapar de obstáculos, mas eu me lembro que não gostei desse jogo. Tratava-se de Pitfall, outro jogo emblemático do Atari. "Jogo do homenzinho" era a descrição óbvia.

E ainda trouxe um joguinho em que vc controlava um bichinho que tinha que comer "biscoitos" (ou, pelo menos, era o que eu achava que era) e fugir de uns fantasmas de tempos em tempos. Achei legal o jogo, mas eu tinha gostado mais do "do aviãozinho". O meu amiguinho me falou que esse era o famoso jogo do "come-come". De fato, todo mundo se referia ao jogo como "come-come", embora eu não saiba dizer de onde surgiu esse nome para Pacman aqui no Brasil. Mas era como todo mundo se referia ao jogo. "Come-Come" é o jogo que mais vendeu na história do Atari, e é considerado um dos jogos de videogame mais famosos de todos os tempos, se não for o mais famoso.
 
Algum tempo depois, a minha mãe terminou de pagar as prestações do videogame e acabou comprando pra mim esses dois jogos que eu gostei: Do aviãozinho e come-come. Curiosamente, esses foram os únicos jogos que eu joguei no Atari. Não joguei mais nenhum.  A situação financeira era difícil, não dava pra comprar jogos e, sem novos jogos, eu fui rapidamente perdendo o interesse. A essa altura, nós já estávamos no começo dos anos 90, onde eu conheceria um outro brinquedinho que me faria abandonar completamente o Clássico Atari 2600...

 

 

 

 

- Cap. 2: Orgasmos futurísticos

 

 

 

 

Num determinado dia, eu já deveria estar com uns 10 anos de idade, por ai, minha mãe me levou na casa de uma amiga dela. Ela precisava conversar com essa amiga. Eu não me lembro por que me levou junto, mas enfim. Chegando lá, elas me disseram que precisavam conversar, e me levaram até um quarto, onde, disseram elas, eu poderia ficar brincando com o filho dessa amiga da minha mãe. Chegando lá, percebi que o moleque estava jogando videogame, mas estranhei porque o controle era bem diferente do que eu estava acostumado a ver no meu Atari.

Bom, depois das apresentações e etc, eu pude ver bem o videogame do menino: Era todo preto, com detalhes vermelhos, retangular, tinha uma luzinha verde, visual altamente futurista perto do meu pálido Atari. E isso era o de menos ainda. O que eu vi no televisor me embasbacou completamente: Putz, mas o visual é 100 vezes melhor que o do meu Atari, apenas pensei, não comentei. Eu me lembro que ele me convidou pra jogar, mas eu era uma completa negação, lógico, não estava acostumado com aquele controle "ultra futurístico", nem com aqueles visuais "ultra realistas". Eu perguntei pra ele como se chamava esse videogame dele. Ele disse "Master System", com impecável pronúncia pra um moleque daquela idade. Eu estava tentando jogar um jogo em que o personagem dava socos nos inimigos e pegava saquinhos de dinheiro. E podia ir numa lojinha comprar coisas com seu dinheiro. Até uma moto vc podia comprar e sair andando com ela! Achei ultra sensacional aquilo. Mas eu era muito, muito ruim no jogo. Eu disse a ele que preferia ver ele jogar, e que ele me mostrasse o jogo.

Ele insistiu para que eu tentasse jogar, mas após reiteradas negativas, ele resolveu reassumir o controle do jogo. E cara, eu estava completamente alucinado vendo aquilo. Pode ser que tenham se passado 3 horas e eu ache até hoje que foram alguns segundos, sei la. Só sei que eu estava embasbacado. E fui acompanhando ele jogar. O cara era bom, conhecia bem as manhas do jogo. Ele morria algumas vezes, mas logo superava os obstáculos. Depois de sei la quanto tempo, ele chegou numa fase que era um castelo vermelho. E foi avançando. Lá pelas tantas, chegou num local que era na água, e tinha uns espinhos pra atravessar. Ele não conseguia atravessar. Ele até me deu o controle pra ver se eu conseguiria passar. Lógico que não consegui. Acabou que ele perdeu todas as vidas e, acho eu, essa foi a primeira vez que eu vi uma tela dizendo "GAME OVER".

Ele me confessou que nunca, jamais, havia conseguido passar daquela parte. Ele sempre morria ali. Eu perguntei pra ele: "Como é o nome desse jogo?" Ele me respondeu "É Alex Kidd". Eu disse, bom, vamos jogar outra coisa então. Ele concordou.

Ele colocou um outro jogo, que por sinal tinha visuais ainda mais impressionantes: Nesse jogo vc era um "cara com uma espada" (Um Samurai, mas eu tinha 10 anos, dá um desconto) que enfrentava caveiras, morcegos, bichos voadores, e sei la mais o que. Velho, era absurdo o visual do jogo. Provavelmente foi o primeiro "orgasmo nerd" da minha vida, se é que podemos dizer isso. Era ainda mais impressionante que o outro jogo, que já era impressionante. Caralho! Eu não ejaculei nas calças porque eu tinha 10 anos e não fazia isso ainda, mas acho que só por isso mesmo.

Era absurdo o nivel de detalhamento do jogo. E o jogo em si, nossa, era tudo perfeito. Esse menino que eu conheci nesse dia (mais tarde nos tornaríamos amigos, até hoje) continuou jogando. E ele também era bom nesse jogo. Só que ai, como quando você está naquele sonho bom, e no melhor momento te acordam, a minha mãe entra no quarto e diz: "Vamos então?"

Se passaram muitas horas desde que eu entrei naquele quarto. Mas a impressão que eu tinha é que tinham se passado 2 minutos. Me despedi do moleque, nem deu tempo de perguntar mais sobre esse jogo "do homem da espada", mas nem precisava: Eu não conseguia tirar da cabeça o que eu tinha acabado de presenciar. Eu precisava ter um Master System. Era só o que eu conseguia pensar. E não tardaria muito até isso acontecer, mas deixemos isso pras cenas do próximo capítulo.

 

 

 

 

- Cap. 3: Amigos, amigos

 

 

 

 

Alguns dias mais tarde, eu tomei coragem (eu sabia que a minha mãe já tinha gasto muito com o Atari) e pedi um novo videogame, o Master System, no caso. A resposta da minha mãe foi até previsível: "Mas tu já tem um videogame! Pra que tu quer outro?" Aí eu tive que explicar que o outro era melhor, o visual era melhor, e os jogos eram melhores, e por aí adiante.

Mas não foi assim tão fácil. A minha mãe me disse que não tinha como me dar videogame naquele momento. É claro que eu fiquei decepcionado, mas eu não podia deixar de entender também. No entanto, logo depois ela me disse que se eu tivesse um pouco mais de paciência, quem sabe ali, mais adiante, quem sabe.

Enquanto isso, eu continuava com o meu Atari, mas a verdade é que eu nem ligava mais praquele videogame. Eu só pensava no Master System. A verdade é que eu estava bem distanciado de videogames à época. Eu não tinha o que eu queria, e não tinha motivação nenhuma pra ligar o que eu possuía.

Aos poucos, eu fui deixando videogames pra lá. Eu nem ligava mais. Algum tempo depois fez-se necessário que minha mãe novamente voltasse na casa dessa amiga dela, e ela novamente me levou junto. E novamente estava o moleque jogando. E novamente nós jogamos. Dessa vez, eu soube que o jogo do "homem da espada" era chamado de "kenseiden", um clássico absoluto do Master System. A minha mãe visitava seguidamente essa amiga dela, acabou que eu virei amigo do filho da amiga da minha mãe, de tanto que eu ia lá. A minha relação com videogame passou a ser basicamente quando eu ia lá jogar com ele.

Chegou um ponto tal que certa vez eu consegui uma revista que explicava passo a passo como zerar o Alex Kidd! Olha só, eu tinha conseguido uma revista que explicava como zerar um jogo que eu sequer possuia, e eu estava super empolgado com isso! Infelizmente, eu não me lembro como eu consegui essa revista, nem o nome dela, apenas me lembro que tinha um poster gigante do jogo, com toda a ilustração do game, todas as "telas" do jogo. Era um "detonado", basicamente. O primeiro detonado que eu li na vida (eu continuo tentando me lembrar de onde raios surgiu essa revista, mas essa informação foi completamente apagada da minha mente, uma pena).

Logicamente que, na proxima vez que voltei a casa do meu já, a essa altura, amigo, eu levei a revista. "É hoje que a gente termina! Agora sim!" E não deu outra: Com a revista foi fácil terminar. E nós demos muita risada quando descobrimos o "segredo" pra passar dos espinhos na água: Nós achavamos que era necessário "guiar" o Alex pelos espinhos, apertando pra cima e pra baixo pra "desviar" dos espinhos. Mas na verdade, contanto que você fosse sempre pra frente, o Alex automaticamente desviava dos espinhos. Não era necessário vc tentar desviar. Pelo contrário: Vc apertando outros botões que não apenas o de ir pra frente, ai sim, vc fazia o alex bater no espinho e ele morria. Surreal. Jamais teríamos descoberto isso.

E aquela parte já era bem próxima do final do game mesmo. No final, vc tinha que entrar um código, pisando numas pedras rosas que tinha no chão pra que aparecesse uma coroa. Então, vc pegava a coroa e jogo acabava. Bem, o código tava na revista, então só fizemos o que a revista dizia. Já ansiosos, assistimos o final do game: As gargalhadas foram inevitáveis: Todo aquele sacrifício pra aparecer um texto de algumas linhas subindo na tela, que obviamente nós não entendemos nada, e logo depois a tela tradicional de "Game Over". Bem, pelo menos era melhor que os "travamentos" do Atari.

Já Kenseiden eu me lembro que nós nunca conseguimos zerar. O jogo era difícil, ainda mais pra crianças. Tinha um chefe que era um inseto gigante que nós nunca conseguimos matar.

O tempo foi passando...o natal daquele ano se aproximava...e uma surpresa me aguardava...

 

 

 

 

- Cap. 4: Percalços natalinos

 

 

 

 

Era chagado o Natal daquele ano. A minha mãe, é claro, sempre me dava presentes de natal, mas eu nem estava esperando nada relacionado a videogames, pra falar a verdade. Em geral, a minha mãe me dava outros brinquedos e tal. Me perguntava o que eu queria, nos iamos e comprávamos com antecedência...Mas naquele natal havia algo errado...minha mãe não tinha comentado nada comigo sobre presentes nem nada.

No dia, a minha mãe coloca um pacote quadradão embaixo da árvore de natal, junto com outros presentes pra outras pessoas, e pede pra que eu não olhe o que é, pra esperar o momento da ceia e tudo mais. Tudo bem, eu disse. Eu sinceramente pensei que fosse algum jogo de tabuleiro, algum boneco, o formato da caixa realmente aparentava ser alguma coisa assim...

Finalmente chega o momento dos presentes. Feliz natal, ah, obrigado, pra vc também, oh, que legal, ah, muito obrigado, ah, não precisava, e enfim...aquela coisa toda que vcs sabem. Num dado momento, a minha mãe pega o pacote que, a essa altura, era praticamente solitário embaixo da árvore de natal, e me entrega. "Espero que goste. Acho que era o que queria...". Eu ainda não fazia idéia do que era aquilo. O pacote era leve, mas nem tão leve assim. A caixa era quadradona e pequena, até. Bom, mas não vou ficar tentando advinhar o que é, vamos abrir de uma vez e ver, pensei. Quando eu abro, a minha reação foi um "mix" de sensações...eu estava feliz, mas ao mesmo tempo eu estranhei o que o pacote mostrava.

O pacote dizia em letras bem destacadas "MASTER SYSTEM III". Beleza, pensei eu, ganhei o que eu queria. Mas então qual o motivo da estranheza? Era completamente diferente do Master que eu tinha visto...tinha absolutamente nada a ver. Era cinza, um botão branco, não tinha luzinhas...bem mais feio que o que eu tinha visto. Obviamente eu não falei nada pra minha mãe, lógico, como eu poderia, mas eu não posso dizer que não fiquei um pouco decepcionado, porque fiquei sim. Eu esperava um igual ao do meu amigo. Mas, pensei eu, se for um Master System mesmo, que se dane se é mais feio, se tem luzinha...

Mas o melhor das confraternizações ainda estava por vir. O meu pai também havia mandado um presente pra mim, mas ele (o meu pai) não estava lá em casa (eu acho que eu não comentei isso, mas os meus pais eram, aliás, eram não, são até hoje, separados), presente que também era uma caixa, só que a dele era maior, e bem mais pesada também.

Quando eu abro a caixa, hahaha, tive que rir. Era um outro videogame! "Um outro Master system?", você há de perguntar...haha! Antes fosse. Era um tal de "Turbo Game". Eu nunca tinha ouvido falar naquele troço. Só por isso, já deduzi que deveria ser merda...e como eu estava certo..e como...

Só pra explicar rapidinho pra vocês, o tal "Turbo Game" nada mais era do que uma versão "modificada" (aka PIRATA) do Nintendinho, que era o concorrente do Master System, e que não era vendido aqui no Brasil. Aqui no Brasil, só o Master System era vendido oficialmente. E que só rodava jogos "modificados" do Nintendinho. Mesmo que vc conseguisse um cartucho do Nintendinho, não adiantava, aquela porra não rodava. Só jogos criados especificamente praquele troço rodavam. E eram jogos piratas. De um console pirata. Desnecessário dizer que se fizeram 10 jogos praquele lixo foi muito. Lógico, meu pai foi se meter de pato a ganso a comprar videogame pra mim sem me consultar e sem entender bosta nenhuma! Muito óbvio, vendedor empurrou pra ele o primeiro lixo que estava empacado no estoque.

Naturalmente, na época, eu não sabia de nada disso. Anos mais tarde, eu já era adolescente, que eu fui pesquisar na internet e descobri isso. Existiram vários clones do Nintendinho, um mais podre do que outro, o "Turbo Game" era apenas um deles.

Cara, eu me lembro que eu fui ligar essa merda, joguei 10 minutos de um joguinho parecido com "PacMan" do atari, que vc tinha que "limpar" uns corredores enquanto fugia de uns fantasmas (era alguma coisa Brush o nome do jogo, paint brush, turbo brush, qualquer merda assim), que nada mais era do que uma versão modificada de um jogo de nintendinho. Como eu disse, joguei 10 minutos e a merda do videogame desligou sozinho! Cara, era bizarro aquela merda. Se vc desse um sopro naquela bosta, o videogame era capaz de se destruir sozinho.

Bem, eu não vou me estender muito na minha história com o Turbo game, porque sendo bem honesto, se eu liguei 5 vezes aquela merda foi muito. Virou peso de papel aqui em casa uma semana depois.

Mas, vamos falar de coisa boa...e, ah, eu tenho o que falar do meu Master System. Vamos falar sobre ele no próximo capítulo.

 

 

 

 

To be continued...

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